" Nasceu na fervorosa Brasília da década de 80, e aos 16 anos teve que se mudar pra fora do país, já que seu pai, diplomata, iria agora trabalhar na UNESCO da Suíça. Foi com sua mãe e uma irmã, Mariana.
As outras duas irmãs e o resto dos parentes ficaram por Brasília mesmo.
Linda, ela não se contentava apenas em ter dinheiro e beleza. Queria mais. Não queria ser apenas mais uma alienada filhinha-de-papai.
Fez faculdade de sociologia e sempre foi muito ligada à sua família e ao namorado, que ficara no Brasil. Sempre ligava pra todos em Brasília e sempre que tinha um tempinho queria fazer algo com os pais e irmã.
O namorado, que tb tinha grana, já tinha ido pra Suíça visitá-la algumas vezes, e esperava ansiosamente sua chegada, marcada pro meio do ano - era junho e em 15 dias eles voltariam à cidade natal.
Ela estava felicíssima, agora formada, um ótimo currículo e, principalmente, ia rever todos aqueles que amava.
Mas, como nem tudo são flores, as coisas começaram a dar errado. O país e sua capital tinham mudado. O Lago Sul já não era aquele paraíso sem violência que ela conhecia. Logo na sua chegada, descobriu que uma de suas irmãs tinha sido assassinada na noite anterior, e sua melhor amiga, Paty, cometera suícido sem aparentes explicações. Seu mundo caiu, mas ela acreditava no sistema. Como se não fosse suficiente, no enterro de sua irmã os pais, irmãs e namorado custaram a chegar, e ninguém estava entendendo esse atraso.
Sim, não só poderia como aconteceu algo pior. O amado namorado usou sua pistola ( era um promissor delegado seguidor das leis ) pra matar sua família e depois atirar contra a própria cabeça. O que estava acontecendo com esse mundo?, se perguntava ela. Nada disso tinha
sequer lógica. Mas, mesmo assim, ela continuava a acreditar no sistema. Não tinha agora família, namorado, seus melhores amigos já não moravam mais na cidade...Estava sozinha, mas acreditava no sistema.
Até que começou a voltar à realidade, procurar emprego, conhecer novas pessoas. Então, aconteceu. Ao fazer uma reuniãozinha com algumas novas amigas, todas saíram da mesa de jantar sem ao menos terminar a comida, com pressa e pratos em mãos em direção à
televisão. Ela nada entendia. Começava um tal de Big Brother e esse deveria ser um programa sem igual, tamanho alvoroço formado na sala.
Discussões sobre o que acontecia em uma certa casa, o que um dos participantes tinha falado pro outro, intrigas...As novas amigas não paravam quietas, a não ser quando um certo apresentador - diziam que era pederasta - se preparava pra anunciar quem seria um tal de líder ou coisa que o valha. O silêncio durou até ser dito o nome do novo chefe. A felicidade agora reinava a sala. Todas se abraçavam, algumas choravam pra comemorar algo que ela não entendia. E, ao ver que a noite ia ser longa, as discussões sobre esse programa pareciam
apenas estar começando -, decidiu ir pra casa. Seria ela uma estranha no ninho? Nas ruas, televisão, jornais, barzinhos...era sempre a mesma conversa. Fulano não merecia ser o anjo, cicrano fez por onde pra ser eliminado, beltrano deveria ser eleito o capetinha. O que aconteceu enquanto estive fora, meu Deus?. Foi aí que ela parou de acreditar no sistema. Agora, ninguém pode detê-la. A fúria tomou conta daquela até então "santinha", "meiguinha", "companheira" moça.
Agora ela é....
MAD MARIAAAAA!!!"
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